Iniciativa é do Ministério Público do Trabalho
(MPT)
O Ministério Público do Trabalho (MPT) realiza,
durante todo este mês, a campanha Maio Lilás, que
busca estimular a participação dos jovens nos
sindicatos de trabalhadores. A campanha faz parte de
um conjunto de ações previstas no projeto
estratégico da Coordenadoria Nacional de Promoção da
Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do
MPT, denominado Sindicalismo e Juventude, que será
desenvolvido como piloto nas procuradorias regionais
do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), 2ª Região
(São Paulo), 4ª Região (Rio Grande do Sul), 17ª
Região (Espírito Santo) e 20ª Região (Sergipe).
Segundo a procuradora regional do Trabalho Viviann
Brito Mattos, titular da Conalis, no âmbito do
projeto, foi feita uma análise da diversidade nos
sindicatos. “A gente percebeu que os sindicatos,
além de nem todos terem uma participação da
juventude dentro da sua própria estrutura, não havia
uma aproximação em relação às lutas da juventude
trabalhadora, que é mais suscetível, no momento
atual, ao subemprego, à precarização”, disse ela
nesta segunda-feira (6) em entrevista à Agência
Brasil.
O projeto buscar abrir espaço e diálogo social,
aproximando dois atores sociais, que são a juventude
trabalhadora e o movimento sindical. “Porque, a
partir do momento em que os jovens não têm voz, não
são ouvidos e acompanhados, isso dá uma perda em
termos de negociação coletiva, na proteção dos
direitos dos trabalhadores e, sobretudo, contribui,
inclusive, para a precarização dos direitos. E o
sindicato, por sua vez, quando não se aproxima da
juventude, ele deixa de conhecer a realidade daquele
momento, daquele jovem”, ressaltou.
Formas de trabalho
Viviann Brito Mattos destacou o surgimento de novas
formas de trabalho, que "ameaçam o futuro do próprio
emprego e precisam ser debatidas". "Todos os atores
envolvidos serão afetados e, no caso, a juventude é
aquela que vai ser a mais afetada no primeiro
momento.” Por isso, a procuradora defende o diálogo
entre a juventude trabalhadora e os sindicatos,
visando tornar o país mais justo para toda a
população.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) revelam que o número de filiados em
sindicatos com idade entre 16 e 29 anos caiu de 3
milhões para 1,3 milhão no Brasil, entre 2012 e
2022, o que representa perda de 55%. A procuradora
observou que esse é um fenômeno que ocorre também em
outros países. Para Viviann, a não filiação tem uma
série de razões. Uma delas tem a ver com mitos ou
representações sociais negativas.
Na avaliação da procuradora, o jovem está mais
suscetível a pressões externas, porque está em uma
faixa de idade em que muitas vezes não consegue nem
trabalhar, nem estudar. É a chamada geração nem-nem.
Além de sofrer com o desemprego, há o problema da
precarização, ou seja, da informalidade.
Ganho duplo
A coordenadora da Conalis argumentou que, com a
filiação aos sindicatos, ganham os dois lados:
jovens e os próprios movimentos sindicais. “Porque
hoje o que nós temos é um sindicato que precisa se
revitalizar e ele só se revitaliza a partir do
momento em que traz a juventude, dialoga com a
juventude. E esta precisa da proteção de direitos. E
para a proteção desses direitos, o sindicato é o
caminho. Só uma ação coletiva de direitos tem
condição de melhorar as condições de trabalho.”
A campanha Maio Lilás segue até o final deste mês. O
MPT tem o papel de aproximar as partes, para que
elas possam dialogar. Viviann deixou claro que esse
diálogo não significa que as duas partes precisam
concordar com tudo, “porque pode-se chegar ao um
mesmo resultado tendo opiniões diversas, mas com um
centro de convergência e aquilo pelo qual se luta".
A campanha é promovida pelo MPT desde 2017. A
escolha do mês tem como base a greve geral
organizada pelos trabalhadores de Chicago, nos
Estados Unidos, no final do século 19, muitos dos
quais foram mortos ou presos por lutarem por
valorização e por melhores condições de trabalho. Já
a cor lilás é uma homenagem às 129 mulheres
trabalhadoras, que foram trancadas e queimadas vivas
em um incêndio criminoso numa fábrica de tecidos, em
Nova York, em 8 de março de 1857, por reivindicarem
um salário justo e redução da jornada de trabalho.
No momento do incêndio, a fábrica confeccionava um
tecido de cor lilás.