A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de
Santa Catarina (FETIESC) realizou na última
sexta-feira (25/10) o 1º Encontro Sulamericano de
Políticas Sindicais e Jurídicas, que reuniu juristas
e dirigentes sindicais do Brasil e da Argentina, com
o objetivo de discutir ações a serem tomadas pelo
movimento sindical de modo a combater as constantes
investidas neoliberais contra a luta coletiva da
classe trabalhadora.
Na ocasião, o presidente da federação, Idemar
Antonio Martini demonstrou sua inquietude diante o
momento vivido atualmente, de incessantes ataques ao
movimento sindical. Neste sentido, Martini fez uma
defesa intransigente do atual sistema confederativo,
da unicidade sindical e da ampliação e manutenção da
Justiça do Trabalho. Destacou também ser urgente se
resolver as questões do custeio das entidades
sindicais, defendendo uma ação coletiva dos
dirigentes de todo no país de modo a pressionar o
Supremo Tribunal Federal (STF) para que paute o
julgamento dos embargos de declaração propostos pela
Advocacia Geral da União (AGU), em relação ao
direito de oposição, ao desconto da contribuição
assistencial, e medidas de combate às condutas
antissindicais em relação ao custeio.
O 1º Encontro Sulamericano de Políticas Sindicais e
Jurídicas, que ocorreu durante todo o dia, contou
com a participação do professor argentino Dr. Mário
Gambacorta; do desembargador Dr. Marcelo D’Ambroso
(TRT-4) e do presidente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Indústrias, José Reginaldo Inácio.
Uma delegação da Federação dos Trabalhadores da
Argentina da Indústria do Couro e Afins, representou
o país vizinho. Do Brasil participaram dirigentes
sindicais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná e Mato Grosso do Sul.
Na ocasião, o professor Sabino Bussanello, assessor
de formação sindical da FETIESC, traçou uma
retrospectiva que marca a história recente das
sociedades latinoamericanas que, conforme ele, vivem
contradições muito profundas neste estágio em que o
capitalismo suga a classe trabalhadora.
“Essa experiência do neoliberalismo agressivo e
selvagem foi se estabelecendo e desmontando as
nações e atacando diretamente os direitos da classe
trabalhadora. Aqui no Brasil, com o golpe de 2016,
em Dilma e na esquerda, imediatamente foram sendo
suprimidos os direitos com a Reforma Trabalhista, a
terceirização e a Reforma da Previdência. Com Michel
Temer a primeira providência foi tirar os recursos
dos sindicatos, para matá-los por asfixia”,
denunciou o professor.
Ato contínuo veio o governo fascista de Bolsonaro
que privilegiou a transferência de recursos à
burguesia, à elite, aos banqueiros, em detrimento da
classe trabalhadora. “Hoje vivemos as consequências
de Temer e Bolsonaro, e conseguimos a muito custo
eleger o presidente Lula, com um parlamento
neoliberal, conservador, que tenta manter uma camisa
de força contra Lula”. Neste contexto, segundo ele,
o movimento sindical está muito enfraquecido e
debilitado.
Diante essa crise que afeta o movimento sindical, o
professor Sabino explica que a realização do 1º
Encontro Sulamericano de Políticas Sindicais e
Jurídicas tem como objetivo compartilhar algumas
bandeiras coletivas dentre as quais destaca a união
em prol da manutenção e fortalecimento da estrutura
sindical confederativa (confederação, federação e
sindicatos de base); o fortalecimento e ampliação da
importância da Justiça do Trabalho; e discutir
alternativas de custeio para o movimento sindical
continuar seu protagonismo de representar os
interesses de toda a classe trabalhadora, cumprindo
assim sua função estratégica que é de organizar a
classe e lutar por melhores condições de vida,
trabalho e salário da coletividade laboral. “A ideia
é avançarmos nessa reflexão para juntos pensarmos
uma forma mais dinâmica de realizarmos a formação, a
motivação e a mobilização dos dirigentes sindicais”,
explica.
Fonte: Fetiesc