Publicação: 10/12/2025

 

 

Em defesa da justiça e da democracia:

O Congresso não pode ser cúmplice do golpismo

 

Deputado Glauber Braga é retirado à força pela Polícia Legislativa / Crédito: Reprodução
 

por José Reginaldo Inácio


A democracia brasileira está sob ataque. Mais uma vez, assistimos a uma afronta direta às instituições, à Constituição e à vontade popular. O Congresso Nacional, que deveria ser a casa do povo, transformou-se em palco de manobras ardilosas para beneficiar aqueles que tentaram destruir o Estado Democrático de Direito.


Na sessão em que foi aprovado o PL da dosimetria, aprovou-se a redução de pena para Jair Bolsonaro, demais golpistas do 8 de janeiro e outros criminosos como uma variedade de delitos graves. A mesma Casa que foi invadida, depredada e violentada em 2023 agora estende a mão para os responsáveis por esse atentado. Enquanto trabalhadoras e trabalhadores lutam por direitos, dignidade e justiça social, uma parcela do legislativo se dedica a minar a própria ideia de justiça.


A truculência não se limitou ao texto da proposta. Durante a votação, a imprensa foi agredida e expulsa para não registrar a violência contra o Deputado Federal Glauber Braga, que, na mesa do plenário, denunciava a manobra. O cálculo é escandaloso: segundo a própria equipe do relator, se o projeto virar lei, Bolsonaro cumpriria menos de um décimo da pena de 27 anos e três meses a que foi condenado. Apenas cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado para quem orquestrou um ataque à sede de cada um dos três poderes da República.


Não é um fato isolado. Há pouco tempo, a extrema direita sequestrou o plenário da Câmara, desmoralizou a Mesa Diretora e paralisou os trabalhos por quase 48 horas. Os responsáveis por esse atentado contra o funcionamento do Parlamento saíram impunes e, agora, avançam na missão de anistiar golpistas.


A sociedade brasileira não pode se calar. É um momento de revolta, sim, mas também de organização e resistência. Tal como ocorreu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que aprovou a soltura do presidente da Casa acusado de repassar informações sigilosas a líderes do Comando Vermelho (CV), agora a extrema direita repete o roteiro no Congresso Nacional. Eles se revelam tão criminosos quanto aqueles que defendem.


Conclamamos, veementemente, por repúdio nacional à quebra do acerto de contas com a história. Não se pode aceitar a normalização do golpismo, da impunidade e do desrespeito às leis. A bandidagem escrachada desse campo político não representa a classe trabalhadora, não representa o Brasil e não pode ficar sem resposta.


Clamamos a toda a sociedade, movimentos sociais populares, entidades sindicais e aos verdadeiros defensores da democracia a reagir. Nas ruas, nas praças, nos locais de trabalho já, mas, sobretudo nas urnas em 2026. Só com organização popular e consciência cidadã poderemos restaurar o sentido da justiça e recolocar o Estado a serviço do povo, e não de criminosos e seus cúmplices.


A hora é de união, de luta e de esperança. O Brasil não pode retroceder.


*José Reginaldo Inácio é presidente da CNTI


Assessoria de Imprensa da CNTI