Publicação: 15/09/2025

 

 

O 11 DE SETEMBRO BRASILEIRO: o dia em que a democracia golpeou a impunidade


José Reginaldo Inácio

“O dia 11 de setembro de 2025”, de fato, se torna uma data histórica para o Brasil. Não pelo horror de um ataque terrorista como o que marcou os Estados Unidos no início do milênio, mas pela construção de uma firme base para se consolidar a vitória da justiça e da democracia sobre a impunidade que sempre pairou sobre os crimes de golpe e tentativa de golpe no nosso país.


A histórica condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares por orquestrar uma tentativa de golpe é um marco. Pela primeira vez na história, aqueles que tentaram e tentam subverter a ordem democrática estão em vias de pagar por seus crimes, provando que o Brasil pode finalmente conseguir interromper com sucessivos ciclos de violência e impunidade que marcaram sua história, apinhada de tentativas de golpe bem-sucedidas que sangraram as liberdades, e penalizaram e penalizam a classe trabalhadora. A decisão da suprema corte tende a marcar uma nova fase no país, como um símbolo de resistência na proteção de sua democracia e no fortalecimento da soberania nacional.


Um recuo para o golpismo, um sopro de alívio para o país


A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) demonstra uma força e independência até então poucas vezes vistas. Essa condenação envia uma mensagem clara: o golpismo e o autoritarismo podem sofrer consequências. A impunidade do passado, que incentivou golpes anteriores, finalmente se encaminha para dar lugar à responsabilização. Isso é um alívio, e permite que o país possa se concentrar em questões que realmente impactam a vida do povo brasileiro, em especial a quem depende do trabalho para viver.


Os desafios que permanecem e a luta da classe trabalhadora


Embora a condenação de Bolsonaro e da cúpula golpista seja um passo muito importante, a luta não terminou. O que ecoa do Congresso Nacional precisa ser silenciado e combatido: anistia para golpistas e blindagem para crimes parlamentares são sinais de tempos sombrios no parlamento brasileiro e na política brasileira.


Quando o Congresso, em sua maioria parlamentar, vira matriz nacional da deslegitimação do Estado de Direito, da quebra da soberania nacional, descumpridor das leis que ele mesmo cria, temos um legislativo sem função e sem sentido na estrutura do Estado.


Diferentemente do Judiciário e do Executivo, parte significativa do Legislativo vira as costas para o Brasil. Diz não ao seu povo. Rende-se servilmente ao imperialismo estadunidense. Numa vassalagem degradada em sabujice, cuja consequência são sinais pedagógicos pérfidos, repercutidos a partir do parlamento, de total negação, desrespeito e desprezo à Constituição Federal, a começar de seu 1º Artigo.


Assim, questões fundamentais que afetam a classe trabalhadora carecem de ser resolvidas. O Congresso, que em grande parte se concentra em pautas de "salvação da própria pele", intencionalmente tem ignorado temas imprescindíveis para o desenvolvimento do Brasil e a dignidade de seu povo.


É preciso que as pautas de interesse da classe trabalhadora sejam priorizadas e ganhem destaque. Entre estas:

 

=> A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5.000, e a redução significativa para quem ganha de R$5.000 a R$7.500.

=> A taxação de grandes fortunas.

=> A redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1.


A luta é por estas pautas, todas com grande repercussão nacional nos meios de comunicação e em ambientes sociolaborais. Afinal, sabemos, mais ainda nós sindicalistas, que há anos não temos pautas realmente positivas para a classe trabalhadora, sobretudo com forte apelo e apoio popular, dentro do Congresso Nacional. Razão pela qual é imperativo, inadiável e irrenunciável que o movimento sindical intensifique sua mobilização e tenha nestas pautas seu dever emergencial de reorganização para que prevaleçam nas discussões políticas, inclusive para além do parlamento, e avancem como a primeira conquista histórica da classe trabalhadora no século XXI.


A condenação de Bolsonaro e a punição de militares podem marcar, de vez, o início de uma nova era para a democracia brasileira. No entanto, crimes hediondos, sedimentos da barbárie, do escravismo: a exploração e o extermínio de populações, dos povos originários, da fauna e da flora, todos perpetrados e acobertados pelas elites e suas representações nas estruturas dos Três Poderes permanecem impunes. São crimes incessantes que estão longe de serem só atentados à democracia plena ou à soberania de um povo. Como esquecer que em nossa democracia o crime maior do líder golpista, o genocídio pandêmico, permanece impune.


Ainda há muitas questões e desafios a serem superados para que, de fato, a democracia se realize.


Enfim, a democracia só se tornará real quando for sustentada pela soberania popular, pela justiça social e econômica, e pelo protagonismo da classe trabalhadora na construção de um país mais justo e próspero para o seu povo.