Publicação: 18/02/2025
Editorial
STF impõe duro golpe contra a classe
trabalhadora
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A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) não pode
se calar diante de mais um capítulo trágico na história da luta pelos
direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros. A decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no dia 13 de fevereiro,
representa um retrocesso sem precedentes para milhões de brasileiros(as)
que dependem da terceirização para garantir o sustento de suas famílias.
Ao isentar os governos federal, estaduais e municipais da
responsabilidade pelo pagamento de direitos trabalhistas quando empresas
terceirizadas descumprem suas obrigações, o STF não apenas lavou as mãos
diante da injustiça, mas também abriu as portas para que a precarização
do trabalho se torne ainda mais cruel e desumana.
A decisão, que tem repercussão geral e afeta todo o país, transfere para
o trabalhador, sindicatos ou Ministério Público o ônus de provar que a
administração pública falhou na fiscalização das empresas terceirizadas.
Ou seja, além de enfrentar a dor de não receber salários, verbas
rescisórias ou FGTS, o trabalhador terá que arcar com a difícil tarefa
de comprovar que o poder público sabia da irregularidade e nada fez para
corrigi-la.
É inaceitável que o dinheiro público, arrecadado por meio de tributos
pagos pela população, seja utilizado para remunerar empresas que fraudam
a lei e exploram trabalhadores, sem que haja qualquer responsabilização
do Estado. A decisão do STF, na prática, autoriza que recursos públicos
sejam desviados para bolsos privados, enquanto trabalhadores e
trabalhadoras são deixados à própria sorte, sem salários e sem
dignidade.
O caso julgado pelo STF é emblemático: um trabalhador do setor de
limpeza, que prestava serviços essenciais à comunidade, foi privado de
seus direitos mais básicos pela empresa terceirizada. Em vez de garantir
que o dinheiro público fosse utilizado para fins públicos, o STF optou
por proteger o poder público e o capital, em detrimento daqueles que
mantêm o país funcionando.
Essa decisão não é apenas uma afronta aos trabalhadores e às
trabalhadoras terceirizados, mas a toda a sociedade. Ela reforça um
sistema perverso em que o lucro de poucos prevalece sobre a dignidade de
muitos. Ao isentar o Estado de sua responsabilidade, o STF legitima a
exploração e a impunidade, condenando milhões de pais, mães e jovens a
uma vida de incertezas e humilhações.
A CNTI se manifesta veementemente contra essa decisão e reafirma seu
compromisso com a luta por justiça e dignidade para todos, trabalhadores
e trabalhadoras. Não podemos aceitar que o Judiciário, que deveria ser o
guardião da Constituição e dos direitos fundamentais, se torne cúmplice
da precarização e da injustiça.
É hora de unir forças, mobilizar a sociedade e exigir que o Estado
cumpra seu papel de garantir os direitos trabalhistas, a proteção social
do trabalho, independentemente de quem seja o empregador. A luta por um
trabalho digno e justo não pode parar. A CNTI seguirá na linha de
frente, defendendo os interesses dos(as) trabalhadores(as)e denunciando
as injustiças que tentam silenciar a voz daqueles que constroem o Brasil
todos os dias.
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI)
Em defesa dos trabalhadores e das
trabalhadoras, sempre!
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